Foi uma tarefa ímpar pensar a curadoria da Mostra Competitiva Brasil do 14º Cine Esquema Novo - Arte Audiovisual Brasileira. Primeiro, pois assim como toda a humanidade, estamos com a cabeça voltada para as preocupações inerentes a uma pandemia. Segundo, pois nos deparamos com a realidade de um festival on-line, o que não permitiria que pudéssemos vivenciar a relação das obras audiovisuais com o espaço físico e com o público da sala de cinema ou visitantes das videoinstalações. Tendo aceitado a nova realidade que todos estamos vivendo no que tange a arte, que é da fruição individual, e buscando entender cada obra dentro do seu próprio universo, nos tomamos de um sentimento de encontrar filmes que tivessem uma voz única, que revelassem temas fundamentais da vida contemporânea, atravessada pela história e imaginando o futuro. Tudo isso veio através de narrativas, imagens, sons, experimentos, que nos tiraram, curadores isolados em casa, de nossas realidades. Nos permitiram viajar para outro lugar. Nos deparamos com produções políticas, românticas, inusitadas, que flertam com gêneros, que nos levam ao imaginário dos grandes filmes projetados nas grandes salas de cinema mas também ao espaço intimista de uma videoinstalação, e fomos construindo nossa curadoria pensando: o que cada obra, o que cada universo de criação ali contido, está nos fazendo sentir? O que temos neste ano de diferente do outro? Algumas obras foram produzidas pré-pandemia, e hoje, ao vê-las, como retemos esta experiência em um momento de introspecção? Como transformar a experiência audiovisual em algo além do visionamento? Ou como refletir sobre obras produzidas durante a pandemia, pensando no que elas falam para além do momento histórico? |
Obras de artistas visuais, obras de cineastas, agora mais do que nunca, estão lado a lado no mesmo espaço on-line. Os curtas e longas, que já não tinham em seus formatos razão de diferenciação para nós curadores do CEN, se misturam ainda mais. Afinal, nunca foi a duração de uma obra que deu importância a ela. Se temos filmes que explodem em cor e romantismo, temos a descrença na política. Se temos o rigor estético da imagem e dos movimentos de câmera, temos a liberdade da experimentação. E queremos burlar os limites que poderiam nos conduzir a uma ideia única, estática. O olhar do outro e para o outro nunca foi tão necessário, tão intenso quanto hoje. As histórias tão próximas e distantes ao mesmo tempo. Os pensamentos escondidos, revelados. Queremos estar com aqueles para além de nós mesmos. Estamos em transformação. E mergulhamos em diversos universos, quando estamos sozinhos, mas buscando não estar isolados. Temos os Cadernos de Artista, para nos levar a mais uma viagem. Queremos ser conduzidos para dentro das ideias do outro, de uma história para outra história. Uma foto na qual chegamos através de um texto, um livro dentro de um filme, um filme através de outro filme… infinitas possibilidades de relações e pontes. A Ponte Einstein-Rosen, ou os buracos de minhoca, através dos quais poderíamos viajar. Quanto vale uma viagem hoje? Esperamos que sejam seis dias de mergulho entre filmes e cadernos, ideias e devaneios, criação e fruição. Dirnei Prates, Gustavo Spolidoro, Jaqueline Beltrame e Vinícios Lopes |
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