Daniel Nolasco

Não recomendado para menores de 18 Anos
Violência Extrema; Conteúdo Sexual; Nudez; Sexo Explícito; Conteúdo Impactante; Drogas Lícitas

Daniel Nolasco

Vento Seco
2020, 110min, GO
Não recomendado para menores de 18 Anos
Violência Extrema; Conteúdo Sexual; Nudez; Sexo Explícito; Conteúdo Impactante; Drogas Lícitas

Daniel Nolasco

Vento Seco
2020, 110min, GO
Não recomendado para menores de 18 Anos
Violência Extrema; Conteúdo Sexual; Nudez; Sexo Explícito; Conteúdo Impactante; Drogas Lícitas
Vento Seco
Vento Seco
No mês de julho, o vento seco e a baixa umidade do ar ressecam a pele dos moradores de uma pequena cidade no interior de Goiás. Sandro divide seus dias entre o clube da cidade, o trabalho, o futebol com amigos e as festas locais. Ele tem um relacionamento com Ricardo, seu colega de trabalho. Mas a sua rotina começa a mudar com a chegada de Maicon, um rapaz que desperta o seu interesse e do qual todos sabem muito pouco.

 

Empresa Produtora: Panaceia Filmes
Direção: Daniel Nolasco
Produção: Lidiana Reis e Daniel Nolasco 
Produção Executiva: Lidiana Reis e Deivid Rodrigues
Direção de Fotografia: Larry Machado
Direção de Arte: Carol Breviglieri
Som: Guilherme Farkas
Montagem: Will Domingos
Elenco: Leandro Faria Lelo, Allan Jacinto Santana, Renata Carvalho, Rafael Theophilo, Leo Moreira Sá, Marcelo D'Avilla, Del Neto, Larissa Sisterolli, Mel Gonçalves, Conrado Helt, Marcelo Souza e Silva, Norval Berbari, Isabella Cecília do Nascimento
 

Image + Nation Montréal 2020 – Special Mention
Iris Prize Cardiff 2020 – Melhor ator
Kyev Molodist International Film Festival 2020 – Sunny Bunny Competition – Melhor Filme Sunny Bunny Competition
Outfest Los Angeles 2020 – Special Mention International Narrative Feature Competition
AMOR Film Festival Santiago del Chile 2020 – International Competition
Barcelona Mostra Fire!! 2020
Berlin International Film Festival 2020 – Panorama 
Brisbane Queer Film Festival 2021 – Feature Film Competition
Calgary Fairy Tales Queer Film Festival 2020
Chéries Chéris Film Festival Paris 2020 – Feature Film Competition
Ciclo Raosa Bogotà 2020 
Cine Queer Natal 2021
CineQueer 3
Dublin Gaze 2020
Festival MiX Milan 2020 – Closing Night Film
Florence Queer Festival 2020 
Guadalajara International Film Festival 2020 – Maguey Competition 
ImageOut Rochester 2020
Inside Out Toronto 2020
Kaleidoscope LGBT Film Festival Little Rock 2020
London Fringe! Queer Film Festival 2020
Melbourne Queer Film Festival 2021
Mezipatra Prague & Brno 2020 – Feature Film Competition 
Mix Copenhagen 2020 
MixBrasil 2020
Munich Queer Film Festival 2020
NewFest New York 2020
Olhar de Cinema Curitiba 2020
Oslo Fusion 2020
Out on Film Atlanta 2020
Outshine Miami 2020
Outshine Miami 2020 
Pink Apple Zurich 2020
Pink Panorama Luzern 2020
Pink Screens Brussels 2020
Queer & Migrant International Film Festival Amsterdam 2020
Queer Lisboa 2020 – Feature Film Competition
Queer Screen Mardi Gras Film Festival Sydney 2021
Queerzzine Castellón de la Plana 2021
Reel Affirmations Washington 2020
Roze Filmdagen Amsterdam 2021
San Francisco Frameline 2020
Seoul International Pride Film Festival 2020
Stockholm Cinema Queer Film Festival 2020 – Retrospective
Thessaloniki International Film Festival 2020 – Out of Competition
TLV Fest Tel Aviv 2020 – Feature Film Competition
Way Out West Film Festival Albuquerque 2020
Wicked Queer Boston 2020 

Empresa Produtora: Panaceia Filmes
Direção: Daniel Nolasco
Produção: Lidiana Reis e Daniel Nolasco 
Produção Executiva: Lidiana Reis e Deivid Rodrigues
Direção de Fotografia: Larry Machado
Direção de Arte: Carol Breviglieri
Som: Guilherme Farkas
Montagem: Will Domingos
Elenco: Leandro Faria Lelo, Allan Jacinto Santana, Renata Carvalho, Rafael Theophilo, Leo Moreira Sá, Marcelo D'Avilla, Del Neto, Larissa Sisterolli, Mel Gonçalves, Conrado Helt, Marcelo Souza e Silva, Norval Berbari, Isabella Cecília do Nascimento
Roteiro: Daniel Nolasco
Mixagem: Jesse Marmo
Som Direto: Guilhotina Guinle
Direção de Produção: Tamara Benetti

BIOGRAFIA DE ARTISTA

BIOGRAFIA DE ARTISTA

Foto: Felipe Fernandes

Daniel Nolasco nasceu na cidade de Catalão, interior de Goiás. É bacharel em Cinema e Audiovisual pela Universidade Federal Fluminense e em História pela Universidade Federal de Goiás. Escreveu e dirigiu mais de nove curtas-metragens, exibidos e premiados em vários festivais nacionais e internacionais. Seu primeiro longa-metragem documentário é “Paulistas” (2017), fez sua estreia no Dok Leipzig. Seu segundo documentário é “Mr. Leather” (2019), exibido em mais de trinta festivais como BAFICI, Frameline, Montreal International Documentary Festival, FicViña Viña del Mar. “Vento Seco” é o seu primeiro longa-metragem de ficção.

FILMOGRAFIA

Gil - (2012, 10min)
Urano - (2012, 7min)
Febre da Madeira - (2013, 16min)
Plutão - (2014, 12min)
Tatame - Daniel Nolasco e Felipe Fernandes (2015, 21min)
Netuno - (2016, 17min)
Paulistas - (2017, 74min)
Sr. Raposo - (2018, 22min)
Mr. Leather - (2019, 85min)

 

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ENTREVISTA DANIEL NOLASCO PARA O CEN

 

Sempre ouvi meu avô praguejando contra as árvores de eucaliptos – que a madeira não servia para nada, suas folhas não davam sombras, não produzia nenhum fruto. Era uma árvore inútil, só servia para proteger as casas dos ventos. Nessa época, ainda criança, não entendia a implicância do meu avô com essas árvores que me deslumbravam pela imponência e por não ser curvarem diante dos ventos fortes de agosto. Diante de algumas árvores do cerrado, baixas, que parecem contorcidas pela culpa, envergonhadas de sua própria beleza, existia algo quase obsceno na forma como as folhas dos eucaliptos balançam alegres no alto das copas.

O Brasil é um país cristão e, por isso, os pais quase sempre ensinam aos seus filhos que o desejo é algo proibido e quando sentido deve ser reprimido. O desejo sexual, o da carne, é o que mais assusta, o mais temido. Minha mãe não foi diferente, com receio que eu aprendesse coisas que não devia, de sentir desejos que considerava inadequados, ela disse apenas que existem coisas que não devem ser sentidas. Não me disse mais nada, optou por uma educação marcada pelo silêncio. Assim como tantos outros, aprendi mais sobre sexo com os filmes do que em casa ou na escola: acabei me identificando com imagens que alegavam serem proibidas, erradas, feias, sujas, obscenas, mas que me despertaram para o prazer e para o desejo.

Catalão, minha cidade natal e cenário do “Vento Seco”, é uma cidade com relevância política e social bem pequena dentro do cenário nacional, além de ter uma história marcada por crimes hediondos - seja por motivos políticos; seja por homofobia, como o assassinado do professor Lázaro Duarte, que conheci quando estudava na mesma escola em que ele lecionava. 

Assim como todo o Estado, a cidade tem forte cultura sertaneja e do campo, com uma economia baseada no agronegócio que ocupa todo o território do município com imensas lavouras de milho, soja e outros grãos. Esse cenário, de certa forma, ajuda a tornar críveis as histórias de pessoas que saem do interior em direção a centros urbanos em busca de uma vida diferente, de algo novo. Seja um novo emprego, sejam novas perspectivas. Uma história que se repete nas telenovelas, nos livros, nas peças de teatro e também no cinema. Pouco importa a situação, mas quase sempre as cidades do interior são vistas como um lugar onde não acontece nada, do tédio, do sufocamento, da repressão e da negação. Embora não afirme que essa visão não tenha fundamento, ela representa apenas uma face, um olhar estrangeiro e limitado sobre a vida em uma cidade do interior. “Vento Seco” buscar mostrar parte dessa cultura gay do interior, que foi responsável pela minha formação até minha vida adulta. 

“Vento Seco” tem o artificialismo como proposta estética e procura estabelecer um diálogo direto com alguns elementos do melodrama, buscando uma reflexão sobre a vida cotidiana dos trabalhadores de uma fábrica de fertilizantes. O filme também se debruça sobre a representação do desejo homoerótico buscando um diálogo com filmes que procuraram pensar uma forma de representação que rompe com a tentativa de enquadrar os laços homoafetivos, exclusivamente, dentro de códigos estabelecidos por uma cultura que nunca teve como preocupação entender os relacionamentos homoeróticos sobre outro prisma, além daquele estabelecido pela moral vigente. Filmes como “O Fantasma” de João Pedro Rodrigues, “Esse Velho Sonho que se Move”, do Alain Guiraudie, o trabalho de cineastas da década de 1970 como o Wakefield Poole (“Bijou”), ou mesmo o trabalho performático de alguns atores como o Al Parker, servem de referência estética e narrativa. Filmes, imagens, corpos, histórias e pessoas que me fizeram ter orgulho do meu desejo, mesmo com tantos elementos ao meu redor dizendo que eu devia me contorcer de vergonha como algumas árvores do cerrado. Sempre houve ao redor de Catalão o artificialismo das folhas verdes dos eucaliptos balançando orgulhosas com os ventos em meio a seca do inverno.

 
MATERIAL COMPLEMENTAR 

Crítica - Henrique Rodrigues Marques - Revista Cinética 

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Referências Dir. Foto - Vento Seco

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LEIA O ROTEIRO DO FILME 


 

Trilha sonora oficial

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Netuno (2017), de Daniel Nolasco – curta-metragem realizado como pesquisa para o Vento Seco - CONTEÚDO ADULTO

Sr. Raposo (2016), de Daniel Nolasco - curta-metragem realizado utilizando dos códigos da estética fetichista para representar o  homoerotismo - CONTEÚDO ADULTO

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Referências da arte e do figurino de Vento Seco

Vídeo de making off de Vento Seco - Cena da piscina

Vídeo de making off de Vento Seco - Cena do Kamikaze

Vídeo de making off de Vento Seco - Cena do Carro

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Podcast Confabulando – Entrevista com Daniel Nolasco sobre Vento Seco e cinema queer

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Boys in the Sand (1971), de Wakefield Poole - Cenas de Referência - CONTEÚDO ADULTO

 

REFERÊNCIAS

REFERÊNCIAS

Boys in the Sand (1971) de Wakefield Poole

Crítica de Boys in the Sand por Michael Keene

Justificativa: Considerado o primeiro filme pornô gay a estrear no circuito comercial de cinema é um dos marcos seminais do cinema homoerótico. Ajudou a definir toda a estética cinematográfica de como filmar o sexo gay.

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Bijou (1972) de Wakefield Poole 

Justificativa: O diálogo estabelecido com esse filme vai além da estética homoerótica. Tanto em Biju, quando em Vento Seco várias cenas eróticas acontecem no imaginário fetichista do protagonista. 

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Ce vieux rêve qui bouge (2001) de Alain Guiraudie 

Justificativa: O filme que serviu de principal inspiração para a construção do espaço da fábrica e das relações afetivas entre Sandro, Ricardo e Maicon. 

OBRA CONVIDADA

OBRA CONVIDADA

Corpo sua autobiografia
De Cibele Appes e Renata Carvalho (2020, 41min, SP)
Não recomendado para menores de 12 anos. Nudez

Sinopse: "Corpo sua autobiografia" é um documentário que mostra um corpo em isolamento social e familiar, mas o distanciamento não é provocado pelo Coronavírus, e sim por ser uma travesti. Renata Carvalho é uma personagem de si mesma, sua voz nos narra a historicidade/transcestralidade do seu corpo e a transfobia estrutural, apontando a construção social, midiática, criminal, sexualizada e patológica da corporeidade e identidade travesti.
JUSTIFICATIVA

"Corpo sua Autobiografia" as diretoras Cibele Appes e Renata Carvalho fazem uma discussão sobre os espaços, tanto imaginário, quanto físico, que o corpo queer, o corpo travesti, ocupa em nossa sociedade. Como o próprio título já anuncia, o filme é uma autobiografia, na qual a protagonista Renata conta a sua própria história. Construindo sua trajetória através do seu corpo e propondo uma reflexão sobre a construção social e cultural do mundo contemporâneo sobre a sua corporeidade. 

Renata também é uma das personagens principais do "Vento Seco". Sua personagem, Paula, tem a consciência social e política que falta às demais personagens. Líder sindical é responsável pela segurança no trabalho em uma grande empresa de fertilizantes, Paula se sente responsável pela segurança física de todos. Pelo bem-estar dos corpos dos seus colegas de trabalho. De uma forma bem diferente, o trabalho da Renata nesse filme também propõe uma reflexão sobre os espaços que seu corpo ocupa na nossa sociedade.