Léo Bittencourt

Não recomendado para menores de 18 Anos
Conteúdo Sexual; Nudez; Sexo Explícito

Léo Bittencourt

Vagalumes
2021, 19min, RJ
Não recomendado para menores de 18 Anos
Conteúdo Sexual; Nudez; Sexo Explícito

Léo Bittencourt

Vagalumes
2021, 19min, RJ
Não recomendado para menores de 18 Anos
Conteúdo Sexual; Nudez; Sexo Explícito
Vagalumes
Vagalumes

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O lado noturno de um ícone modernista. A fauna e flora dos jardins de Roberto Burle Marx habitados pelos frequentadores do Parque do Flamengo enquanto a cidade do Rio de Janeiro adormece. Vagalumes é uma etnografia fabular noturna do Aterro do Flamengo.

 

* O filme conta com Legendas EN

Empresa Produtora: Fauna Filmes e Esquina Filmes
Direção: Léo Bittencourt 
Produção: Léo Bittencourt e Júlia Murat 
Produção Executiva: Sabrina Bitencourt
Direção de Fotografia: Léo Bittencourt e Juliano Gomes
Diretor assistente e Argumento: Juliano Gomes
Desenho de som: Felippe Mussel
Montagem: Ricardo Pretti e Waldir Xavier 
Elenco: Daniel dos Santos de Andrade, Elisa Lucinda , Gleiton Matheus Bonfante, Lino Besser, Niana, Machado, Nico Arawá, Paulo Guidelly, Rafael Medina, Wallace Lino 

24ª Mostra de Cinema de Tiradentes – Panorama
Festival de Curtas-Metragens de Clermont-Ferrand – LABO Competition 2021(França)

Empresa Produtora: Fauna Filmes e Esquina Filmes
Direção: Léo Bittencourt 
Produção: Léo Bittencourt e Júlia Murat 
Produção Executiva: Sabrina Bitencourt
Direção de Fotografia: Léo Bittencourt e Juliano Gomes
Desenho de som: Felippe Mussel
Montagem: Ricardo Pretti e Waldir Xavier 
Elenco: Daniel dos Santos de Andrade, Elisa Lucinda , Gleiton Matheus Bonfante, Lino Besser, Niana, Machado, Nico Arawá, Paulo Guidelly, Rafael Medina, Wallace Lino 
Personagens Reais Principais (que interpretem elus mesmes): Gabriel Fernando de Castro 
Lourival Júnior 
Roteiro: Léo Bittencourt e Ricardo Pretti 
Diretor assistente e Argumento: Juliano Gomes
Direção de Produção: Sabrina Bitencourt
Colorista: Fábio Souza ABC
Edição de Som: Felippe Schultz Mussel, Laura Zimmermann e Verónica D. Cerrotta
Mixagem: Bernardo Adeodato
Som Direto: Felipe Luz
Artista de Foley: Pedro Coelho
Assistente de Direção e Elenco: Giovani Barros e Lorran Dias
Contrarregra: Wellison Foguinho
Pesquisa: Giovani Barros, Sabrina Bitencourt e Vanessa Marques
Coordenadora de Pós-Produção: Isabel Lessa
Abertura e Créditos: Flávio Soares

BIOGRAFIA DE ARTISTA

BIOGRAFIA DE ARTISTA

Crédito da foto: Amina Sophia Nogueira

 

Léo Bittencourt trabalha como diretor, roteirista e diretor de Fotografia em ficções e documentários para cinema e TV. Nasceu no Rio de Janeiro, em 1981. Formou-se em Jornalismo pela PUC-Rio, em Filosofia pela UERJ e estudou História da Arte na Universidad Autonoma de Madrid. Começou sua vida profissional como cineasta em 2008. 

FILMOGRAFIA

Dia dos Pais - Léo Bittencourt e Julia Murat (2008, 73min)
Satélites - (2013, 61min) 
As Ondas - Léo Bittencourt e Juliano Gomes(2016, 13min)

 

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Entrevista com Léo Bittencourt para o CEN

Originalmente, a nossa ideia, minha e do Juliano Gomes, era fazermos um documentário de observação mais tradicional sobre o cotidiano do Parque do Flamengo. Seria um filme em três atos, filmado como se fosse um único dia, dividido entre manhã, tarde e noite. 

Depois que começamos a pesquisa sobre a construção do parque decidimos mudar o foco do filme. O Parque do Flamengo, ou simplesmente Aterro, foi uma das grandes obras públicas de renovação do centro da cidade do Rio. Estas obras de “melhorias” incluíram a construção de grandes avenidas, praças e prédios públicos, aterramento de pequenos mangues e uma ligação mais rápida entre o centro e a zona sul carioca. Nesse processo de “modernização”, inúmeras famílias foram removidas para a periferia e importantes morros foram demolidos, como o Morro do Castelo e o Morro de Santo Antônio. 

A escolha de filmar à noite foi feita para focarmos o filme numa parcela da população que habita o parque e que não está inserida nesse ideal de progresso e modernização. Uma população que sempre permaneceu marginalizada e que tem na noite o seu refúgio. O Aterro do Flamengo é visto como um local perigoso para se ir à noite, então a maior parte das pessoas que frequentam o parque para fazer esporte ou lazer vai embora logo que a luz natural cai. Ficam pessoas que não tem outra casa para morar, pessoas que vão exercer a sua religiosidade de origem afro-brasileira e rapazes que vão ao local em busca de outros rapazes. 

As pessoas em situação de rua, do candomblé e do cruising (prática de sexo grátis, consensual e anônimo em locais públicos) são os vagalumes que brilham no escuro do Aterro. Esses personagens, que mesmo estando à sombra do ideal burguês de sociedade e do ideal modernista que concebeu e construiu o parque, fazem desse espaço um local possível para a vivência de outras formas de sociabilidade, de luta e de prazer.   

Do ponto de vista estético/narrativo o que mais nos estimulou foi o caráter artificial desse enorme parque. O parque foi criado aterrando as águas da Baia de Guanabara com a terra de um morro gigantesco, dentro de um ideal de progresso e de reformulação da cidade igualmente monumentais. Isso nos dá uma enorme liberdade artística. Se tudo naquele espaço foi criado e idealizado, o filme também pode partir dessa premissa e criar para si um espaço outro. Um espaço que só existe pelo e através do cinema. Vagalumes narra um passeio noturno num Aterro cinematograficamente artificializado, que começa com clima de ficção científica e vai construindo uma experiência sensorial entre plantas, pessoas, animais e arquitetura que termina com o parque inteiro gozando. 

 

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ENTREVISTA LÉO BITTENCOURT para Clermond Ferrand 

Decidi divulgar a entrevista concedida para o prestigiado festival francês de curtas-metragens para que o público brasileiro pudesse ter acesso a ela em português e na íntegra - apenas traduzi as perguntas e deixei o restante do texto na sua primeira versão. A entrevista final precisou ser reduzida, devido ao espaço limitado que o festival abriu para cada um dos realizadores das mostras competitivas. Essa foi a primeira entrevista que dei sobre o Vagalumes, ainda com o filme inédito e sem ter a ideia de como ele seria recebido. Essa entrevista é, portanto, parte do processo, não mais do filme que a essa altura já estava finalizado, mas do meu entendimento sobre ele, que não para de mudar.

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CRÍTICA - Carlos Alberto Mattos

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CRÍTICA - Francisco Carbone - Cenas de Cinema

 

DEPOIMENTOS DA EQUIPE

 

FELIPPE SCHULTZ MUSSEL E O DESENHO DE SOM 

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JULIANO GOMES: PARCERIA, FOTOGRAFIA E CAMINHOS DO VER

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RICARDO PRETTI E A MONTAGEM 

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SABRINA BITENCOURT E A PRODUÇÃO EXECUTIVA 

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ÁUDIOS DAS PESQUISAS DE PERSONAGEM)

 

Giovani Barros e a pesquisa do cruising:

Áudio 1: https://www.mixcloud.com/CineEsquemaNovo/giovani-barros-e-a-pesquisa-do-cruising-1/

Áudio 2: https://www.mixcloud.com/CineEsquemaNovo/giovani-barros-e-a-pesquisa-do-cruising-2/

Áudio 3: https://www.mixcloud.com/CineEsquemaNovo/giovani-barros-e-a-pesquisa-do-cruising-3/

 

Sabrina Bitencourt e a pesquisa dos personagens em situação de rua:

Áudio 1 – https://www.mixcloud.com/CineEsquemaNovo/sabrina-bitencourt-e-a-pesquisa-dos-personagens-em-situação-de-rua-vagalumes-de-léo-bittencourt/

Áudio 2 – https://www.mixcloud.com/CineEsquemaNovo/sabrina-bitencourt-pesquisa-dos-personagens-em-situação-de-rua-vagalumes-de-léo-bittencourt-2/


MATERIAIS DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DO VAGALUMES
OBS.: O TÍTULO DE TRABALHO ERA “ATERRO” 

LAYOUT (2015)

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PROJETO ENTREGUE PARA A RIO FILME (2015)

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CONVITE AOS PARTICIPANTES (2017) 

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PRESS BOOK (2018) 

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IDEIAS PARA FILMAGEM 

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PROPOSTAS FILMAGEM 

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MAPA DE UM NÃO-FILME 

 

Esse é o mapa de roteiro do filme que não chegamos a realizar. Ou melhor, é a concretização da encruzilhada que eu e o Juliano Gomes nos metemos quando tentamos fazer do material filmado um longa. Encruzilhada porque não conseguimos avançar e desse caminho se abriram dois novos rumos, dois novos filmes. Foi a partir do momento que colocamos as ideias da 1ª etapa de montagem no papel, que vimos diferentes abordagens possíveis e diferenças de interesse entre eu e o Ju.  Este mapa representa como pensávamos as imagens em 2019, a classificação e o encadeamento das mesmas. A solução que encontramos foi dividirmos o projeto e tanto eu quanto o Juliano passamos, então, a buscar caminhos distintos para o material, gerando assim dois filmes a partir de uma mesma base, de uma trajetória comum que seguiu até a filmagem, uma pré- montagem compartilhada que não avançou e depois se dividiu.

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CRUISING_ESTRUTURA

REFERÊNCIAS

REFERÊNCIAS

FILMES

Estranho no Lago (2013) de Alain Guiraudie 

Justificativa: Estranho no Lago foi o primeiro filme que assisti sobre cruising (prática de sexo grátis, consensual e anônimo em locais públicos). O filme é primoroso em transformar algumas das características dessa prática, como o encontro com o desconhecido, o tesão, a busca pelo prazer intenso, a aleatoriedade dos encontros, e a adrenalina em narrativa cinematográfica. 

É um filme que começa suave, usando da repetição das visitas cotidianas com humor. Até o momento em que há um assassinato e a narrativa ganha um outro peso. Nesse momento, o filme fala da condição humana, dos nossos paradoxos. De como o sexo pode estar perto da morte, o tesão do medo e a comédia do drama.  

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Manhã de Santo Antônio (2012) de João Pedro Rodrigues

Justificativa: Gosto muito dos filmes do João Pedro Rodrigues e em particular do Manhã de Santo Antônio, que é um dos seus primeiros filmes. O curta é quase um filme de zombies. Zombies que vagam catatônicos pela cidade, mas não à procura de carne e sim de amor. João Pedro inverte a nossa expectativa e brinca com os gêneros cinematográficos.   

Nesse filme estranho de amantes zombies, não há nenhuma fala e o desenho de som ganha um enorme protagonismo. O som do filme é hiper-realista e o espectador pode ouvir cada elemento da cena, fazendo com que fiquemos colados na tela, alertas e prestando atenção nos mínimos detalhes. É o som que dita o ritmo do filme e conduz o olhar do expectador sobre as imagens; outra importante “inversão” formal do filme. 

Esse foi um dos primeiros filmes que me fez perceber o quanto o som é importante para a experiência cinematográfica e foi a principal referência para criar o desenho de som de Vagalumes.    

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Blow Job (1964) de Andy Warhol

Justificativa: Blow Job é uma daquelas obras que vemos uma vez e que nunca sai da cabeça. O filme faz parte de uma série de pequenos estudos em 16mm, retratos de artistas famosos, que o Warhol fez um sua Silver Factory. Especificamente no Blow Job, o que é mais interessante é a decisão do que não mostrar. De focar a observação não o ato sexual em si, mas na reação, fixando o olhar do espectador nas dinâmicas que o corpo humano desenvolve durante um ato sexual. Nós ficamos ali, olhando diretamente para as feições de prazer e até de tédio do personagem ao longo dos 36 minutos da obra. Essa escolha de manter a atenção, de não decupar, potencializa muito a experiência e cria uma situação de voyeurismo que só o cinema pode gerar e que muda a percepção do espectador sobre o ato sexual, abrindo novas camadas de interpretação e fruição. O primeiro plano que concretiza a pegação no Aterro do Flamengo em Vagalumes é um plano Warholiano, um close em que só vemos o rosto de quem está recebendo o boquete, colocando imediatamente o espectador numa posição de um voyeur intensificado, porque o som passa a ter um protagonismo muito maior do que se mostrássemos o ato em si e porque o espectador é também convidado a olhar e quem sabe imaginar o ato a partir de outra perspectiva, uma perspectiva incompleta e, por isso mesmo, cinematograficamente rica.

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Cavalo dinheiro (2014) de Pedro Costa 

Justificativa: O cinema português contemporâneo, sobretudo do João Pedro Rodrigues e do Pedro Costa, foi uma referência muito importante para a concepção de Vagalumes. Do Pedro Costa, destaco seu trabalho com não-atores, filmagens em locações reais e a narrativa que mistura de forma indissociável o contexto e a vida de seus personagens e a ficção. No quarto de Vanda é um dos seus filmes que tem essas características em maior grau. Não posso deixar de comentar que tive a enorme alegria e o privilégio de poder contar na montagem com a mão precisa e o olhar do Waldir Xavier. Waldir fez a edição de som do No quarto de Vanda e me ensinou muito com toda a sua experiência, enriquecendo enormemente a fase final de montagem do Vagalumes. No início do processo de pesquisa pro nosso curta, quando pensávamos que estática gostaríamos de criar, Cavalo Dinheiro foi uma referência importante para pensar a fotografia. A forma como o filme do Pedro Costa explora o ambiente noturno, como ele ilumina e expõe para a pele preta, o destaque que dá no enquadramento para a arquitetura e o que não é humano. Acabamos desistindo do enquadramento em 4:3, igual ao Cavalo Dinheiro, e optamos pelo cinemascope, 2:39:1. No entanto, a forma como olhamos o espaço em sua relação com os seres humanos e as dinâmicas entre claro/escuro, vieram da fruição das imagens do Cavalo Dinheiro. 

REFERÊNCIA LITERÁRIA 

“O parque” de Antonio Cicero

À noite ele vai ao parque
entre o mar e a cidade
e o precipício do céu
e o abismo do seu eu.

Com toda amabilidade
ele joga a rede e fere
as águas da noite suave
e colhe o que se oferece:

no sentido do relógio,
as luzes de Niterói,
a escuridão e a Urca
e sobre ela o Pão de Açúcar;

depois, pistas de automóveis
e em meio a certas folhagens
sabe-se lá o que fazem
uns atletas quase imóveis;

o Hotel Glória iluminado
atrás de um bosque no breu;
o monumento, um soldado,
e adiante o museu

e a marina; e depois,
vindo lá do aeroporto
um longínquo odor de esgoto
ofende as damas da noite;

e há vultos à beira-mar
e amantes à meia-luz
e à superfície do mar
um azul que tremeluz

e seu desejo encarnado
na mão de certo moreno
tão cálido e apaixonado
que é louco pelo sereno;

e finalmente o que há
é a via láctea a jorrar
no alto do firmamento
e a seus pés sem fundamento. 

HOLLANDA, Heloísa Buarque de; MARTINS, Alberto.
Esses Poetas - Uma antologia dos anos 90. Rio de Janeiro: Aeroplano, 1998. 

 

Justificativa: O parque de Antonio Cicero caminha de mãos dadas com Vagalumes pelos jardins de Burle Marx. O encanto pela noite, pelo deleite, pela escuridão, pelo desconhecido e pelo tesão, une poesia e cinema no Aterro do Flamengo. 


 

REFERÊNCIA MUSICAL

PLAYLIST: Músicas e sons que orientaram o processo criativo da 1ª fase do filme

OBRA CONVIDADA

OBRA CONVIDADA

Aterro do Flamengo
De Alessandra Bergamaschi (2011, 46min, RJ)
CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA - Não recomendado para menores de 12 anos; Conteúdo impactante.

Sinopse: Recorte do Aterro do Flamengo, parque público do Rio de Janeiro, da janela de um prédio.
JUSTIFICATIVA

Lembro do impacto que a sessão de estreia do Aterro do Flamengo, de Alessandra Bergamaschi, gerou em mim. Estávamos em 2011, numa sessão num cinema a poucos metros do parque. Fiquei hipnotizado pelo filme, pela sua capacidade de apresentar uma situação inicialmente banal e um local que conheço desde a infância, em algo tão inusitado e potente. Foi ali, naquela sessão, que pela primeira vez vi que o Parque do Flamengo era capaz de gerar uma experiência cinematográfica transformadora. 

Em Aterro do Flamengo, um único plano fixo, filmado da janela de um apartamento, consegue fazer do cotidiano uma tragédia grega. O quadro fixo e distante é uma das principais forças do filme, pois concede às ações humanas um caráter performático. Vamos observando as dinâmicas de movimentação até que, de repente, percebemos que tem algo estranho, que reconfigura tudo o que vimos até então e reorienta a nossa percepção sobre aquelas pessoas, sobre o parque, a sociedade e em última instância nós mesmos.