Juliana Costa

Juliana Costa
2019, 12min, RS

Juliana Costa
2019, 12min, RS

Para Colorir
Para Colorir
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Uma festa, duas garotas flertam. Quando o sexo acontece, existe alguém observando. |
* Legenda ES e EN
Empresa Produtora: Freakium Produções
Direção: Juliana Costa
Produção: Carolina Grimm e Bruna Giuliatti
Produção Executiva: Leonardo Bomfim
Direção de Fotografia: Lívia Pasqual
Som: André Paz
Montagem: Thais Fernandes
Elenco: Marina de Moraes e Raissa Martinez
Narração: Lorena Martins
BAFICI 2021 (Argentina)
BIOGRAFIA DE ARTISTA
BIOGRAFIA DE ARTISTA
Crédito da foto: Jessica Dachs |
Juliana Costa estuda artes, educação e cinema. Já fez teatro e performance. É cineclubista, crítica de cinema, fanzineira e de esquerda. Agora é curta-metragista. FILMOGRAFIA |
Confira o podcast com a realizadora Juliana Costa, a escritora Clara Corleone e a jornalista Bruna Paulin
“O rosto de H. a pele morena de H. os olhos verdes de H. a boca entreaberta de H. meus dedos colocam um pedaço de papel na língua de H.”. Assim começa o fanzine “para colorir” que inspira o curta-metragem homônimo. Este fanzine, que narra um encontro lisérgico e sexual entre duas mulheres, sai depositando por caixas de correio desconhecidas pela cidade, dentro de livros em livrarias – como um brinde para quem viesse a comprar meus livros preferidos – e mesmo dentro de mochilas da Barbie em exposição na vitrine. Um experimento, uma espécie de guerrilha erótica, baseada na crença que o erotismo é a energia que organiza o caos. Sem o erotismo estamos isolados, como organismos unicelulares desorientados. Uma idéia que de alguma forma dá continuidade a minha pesquisa no teatro, com a performance Sarau Erótico, que no início dos anos 2000 circulava nos bares em Porto Alegre.
Mas o fanzine narrava o sexo, e a câmera queria filmar o sexo, não o erótico. O ato, e não a sugestão. Como o sexo é filmado? Qual sexo é filmado? Para isso nos juntamos em grupo, que é sempre a melhor forma de pensar (e de fazer) sexo – e cinema. Mulheres desejantes de pensamento e de criação. Com energia exuberante, sem as quais não tinha filme, não tinha sexo e não tinha pensamento: Carol Grimm, Bruna Giuliatti, Livia Pasqual, Thais Fernandes, Mariani Pessoa, e as estrelas radiantes, Marina de Moraes e Raissa Martinez. E o erotismo organizou o caos. E fizemos um filme. Um filme em que o sexo acontece na coluna, a festa na montagem, a imagem na luz e o orgasmo na criação. Um filme em que o olhar se inverte, como rebatido no espelho, e explode em música e gargalhadas. Na verdade, acho que fizemos um filme bem tesudo.
MATERIAL COMPLEMENTAR
multitudinous seas incarnadine o oceano oco e regougo a proa abrindo um sulco a popa deixando um sulco como uma lavra de lazúli uma cicatriz contínua na polpa violeta do oceano se abrindo como uma vulva violeta a turva vulva violeta do oceano óinopa pónton cor de vinho ou cor de ferrugem conforme o sol batendo no refluxo de espumas o mar multitudinário miúdas migalhas farinha de água salina na ponta das maretas esfarelando ao vento iris nuntia junonis cambiando suas plumas mas o mar mas a escuma mas a espuma mas a espumaescuma do mar recomeçado e recomeçando o tempo abolido no verde vário no aquário equóreo o verde flore como uma árvore de verde e se vê é azul é roxo é púrpura é iodo é de novo verde glauco verde infestado de azuis e súlfur e pérola e púrpur mas o mar mas o mar polifluente se ensafirando a turquesa se abrindo deiscente como um fruto que abre e apodrece em roxoamarelo pus de sumo e polpa e vurmo e goma e mel e fel mas o mar depois do mar depois do mar o mar ainda poliglauco polifosfóreo noturno agora sob estrelas extremas mas liso e negro como uma pele de fera um cetim de fera um macio de pantera o mar polipantera torcendo músculos lúbricos sob estrelas trêmulas o mar como um livro rigoroso e gratuito como esse livro onde ele é absoluto de azul esse livro que se folha e refolha que se dobra e desdobra nele pele sob pele pli selon pli o mar poliestentóreo também oceano maroceano soprando espondeus homéreos como uma verde bexiga de plástico enfunada o mar cor de urina sujo de salsugem e de marugem de negrugem e de ferrugem o mar mareado a água gorda do mar marasmo placenta plácida ao sol chocada o mar manchado quarando ao sol lençol do mar mas agora mas aurora e o liso se reparte sob veios vinho a hora poliflui no azul verde e discorre e recorre e corre e entrecorre como um livro polilendo-se polilido sob a primeira tinta da aurora agora o rosício roçar rosa da dedirrósea agora aurora pois o mar remora demora na hora na paragem da hora e de novo recolhe sua safra de verdes como se águas fossem redes e sua ceifa de azuis como se um fosse plus fosse dois fosse três fosse mil verdes vezes verde vide azul mas o mar reverte mas o mar verte mas o mar é-se como o aberto de um livro aberto e esse aberto é o livro que ao mar reverte e o mar converte pois de mar se trata do mar que bate sua nata de escuma se eu lhe disser que o mar começa você dirá que ele cessa se eu lhe disser que ele avança você dirá que ele cansa se eu lhe disser que ele fala você dirá que ele cala e tudo será o mar e nada será o mar o mar mesmo aberto atrás da popa como uma fruta roxa uma vulva frouxa no seu mel de orgasmo no seu mal de espasmo o mar gárgulo e gargáreo gorjeando gárrulo esse mar esse mar livro esse livro mar marcado e vário murchado e flóreo multitudinoso mar purpúreo marúleo mar azúleo e mas e pois e depois e agora e se e embora e quando e outrora e mais e ademais mareando marujando marlunando marlevando marsoando polúphloisbos
CAMPOS, HAROLDO DE. Galaxias. São Paulo: Editora 34. Pg. 15
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Fanzine
“Para Colorir” no Bafici 2021
REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS
Filme Mobile Men, de Apichatpeerasethakul
Justificativa: Estão nos vendo. Estou te vendo. Estou me vendo.
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FILME “Je Tu Il Elle” (1974), de Chantal Akerman
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REFERÊNCIAS PARA AS CENAS
A FESTA
Foto de Jessica Dachs
Frames do filme “Uma Mulher Casada” (1964), de Jean-Luc Godard
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CENA O PORTAL DO PARAÍSO
O Portal do Paraíso
No meio da viagem se abre um portal. Um feixe de luz, duas pernas que se descolam para revelar a passagem. Abaixo, algumas imagens:
Uma pintura. Um torso feminino até o meio das coxas. Enquadramento quase centralizado, um tanto de lado, levemente inclinado para baixo, para que dê a ver melhor a cavidade íntima circundada por pelos pretos. Alguns panos ao redor da figura, emoldurando o corpo exposto.
A Origem do Mundo (1866), Gustav Courbet
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Um terço do quadro: chão. Quase centralizado: a origem do mundo. As pernas escancaradas se misturam a bagunça do quarto. Espelhos rebatem o flash e confundem quem olha e quem é olhada. O centro da fotografia em branco e preto irradia a ordem ao caos que o rodeia.
Fotografia sem título (1971), Hester Scheurwater
https://androginias21.wordpress.com/2015/04/21/1064/
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Dois desenhos lado a lado. Preto e branco, traço fino, alto contraste. Uma calça na altura das coxas. A luz mostra e esconde o que as mãos dão a ver.
Dois desenhos (2016), Paula Truz
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Um corpo triplicado. Psicodelia em preto e branco. Imagem surrealista da casa do desejo. Um corpo aberto que nos olha nos olhos.
Diamont Sutra (1974), Penny Slinger
https://www.tate.org.uk/art/artworks/slinger-diamond-sutra-t15174
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CENA DA TRILHA
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Frames do filme “O Garoto” (2015), de Julio Bressane
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Frames do filme “Eternamente Sua” (2002), de Apichatpong Weerasethakul
Frames do filme “O Fruto do Paraíso” (1970), de Vera Chytilová
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CENA DO BANHO
frames do filme “Banhistas” (1898), de Alice Guy Blaché
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Frames do filme “Bonitas e Gostosas” (1978), de Carlo Mossy
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Fotos do acervo pessoal da diretora Juliana Costa
OBRA CONVIDADA
OBRA CONVIDADA
O Último Dia Antes de Zanzibar
De Filipe Matembacher e Marcio Reolon (2016, 21min, RS)
CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA - Não recomendada para menores de 18 anos. Conteúdo Sexual; Nudez; Sexo Explícito
Sinopse: Da mata se ouviu os tambores, e Arthur soube que precisava partir.
JUSTIFICATIVA
Como filmar o sexo? Que sexo filmar?