Beatriz Macruz e Maria Clara Guiral

Livre para todos os públicos

Beatriz Macruz e Maria Clara Guiral

Caminhos encobertos
2020, 27min, SP
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Beatriz Macruz e Maria Clara Guiral

Caminhos encobertos
2020, 27min, SP
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Caminhos encobertos
Caminhos encobertos
Karai Mirim e Karai Jekupe, lideranças Guarani Mbya, vivem na Terra Indígena Jaraguá em São Paulo. O pico do Jaraguá, ponto mais alto da cidade, é o território familiar onde ambos cresceram. Mas o que isso realmente significa para eles? É a aldeia que está na cidade ou é a cidade que está na aldeia?

 * Legenda EN, FR e ES 

Direção: Beatriz Macruz e Maria Clara Guiral
Produção: Ibirá Machado, Beatriz Macruz, Maria Clara Guiral, Thiago Henrique Vilar Martim Karai Jekupe e Vitor Fernandes Soares Guarani Karai Mirim
Produção Executiva: Ibirá Machado
Direção de Fotografia: Fernando Solidade Soares
Som: Marina Bruno e Caio Nazaro
Montagem: Luden Viana
Personagens Reais Principais (que interpretem elus mesmes): Thiago Henrique Vilar Martim Karai Jekupe e Vitor Fernandes Soares Guarani Karai Mirim
Roteiro: Beatriz Macruz e Maria Clara Guiral
História original: Thiago Henrique Vilar Martim Karai Jekupe e Vitor Fernandes Soares Guarani Karai Mirim

24º Mostra de Cinema de Tiradentes
FestAlter 2020 - Festival de Cinema de Alter do Chão
5º ArchCine - Festival de Cinema e Arquitetura
2º Festival de Cinema do Recanto

BIOGRAFIA DE ARTISTA

BIOGRAFIA DE ARTISTA

Foto de Fernando Solidade

BEATRIZ MACRUZ

Jornalista de formação e cinéfila por falta de opção: ama o cinema desde que se conhece por gente. Se conheceu latino-americana alguns anos mais tarde, em sua primeira passagem por Cuba, para estudar documentário na EICTV - onde roteirizou e dirigiu o curta-metragem documental Se hace camino. Como jornalista, colaborou com reportagens em texto e vídeo sobre direitos humanos e lutas políticas e sociais; para veículos como Repórter Brasil, Ponte Jornalismo, Le Monde Diplomatique e para o projeto Observatório da Privacidade e Vigilância, desenvolvido pelo GPoPAI, grupo de pesquisa da EACH-Usp. Em 2017, ajudou a fundar a Agência Pavio de videorreportagens, com a qual colabora até hoje. Passou também pelo Canal Arte 1, roteirizando e produzindo reportagens em vídeo para as editorias de cinema e artes visuais; e pelo Programa Cine Rooftop, como roteirista. Entre o cinema e o jornalismo, vai descobrindo como ser nas histórias e filmes que surgem desses caminhos.

FILMOGRAFIA
Primeiro Filme

MARIA CLARA GUIRAL

Co-diretora, co-roteirista e produtora do curta-metragem “Caminhos encobertos”. Maria Clara Guiral é documentarista, fotógrafa e antropóloga. É diretora da websérie “Brinquedo de Tambor” que registra intercâmbios culturais com mestres da cultura popular de São Paulo. Foi assistente de produção do documentário multimídia peruano "La vida no vale un cobre". É a idealizadora, fotógrafa e pesquisadora da exposição "A vida nas montanhas" montada no Parque Nacional do Caparaó, em Minas Gerais, sobre as pessoas que fazem parte da história e da construção desta área de proteção ambiental. Em Cuba, roteirizou e dirigiu o curta-metragem documental "Para Andar Contigo". Seu trabalho fotográfico é especialmente versado sobre o candomblé e diferentes manifestações da cultura popular brasileira.

FILMOGRAFIA
Primeiro Filme

Foto de Fernando Solidade
TRAILER
INSTAGRAM

https://www.instagram.com/thiago_guarani/

https://www.instagram.com/richard_wera_mirim/

https://www.instagram.com/midiaguaranimbya/

Entrevista Beatriz Macruz e Maria Clara Guiral para o CEN

 

O documentário “Caminhos Encobertos” nasceu de um roteiro premiado na 13a edição do Concurso de Roteiros para Documentários Rucker Vieira Jr., da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj). O concurso, que foi o recurso financeiro viabilizou a realização do projeto, propunha que os roteiros inscritos tivessem um viés educativo a partir do tema “memória e cidade”. Foi, portanto, da nossa vontade de conhecer e narrar novos pontos de vista da história do território onde nascemos e crescemos, a cidade de São Paulo, que nasceu o nosso primeiro curta.

O concurso também resultou na primeira premiação de um roteiro autoral escrito por nós. Até então, não tiveramos a oportunidade de escrever, dirigir e acompanhar o desenvolvimento de um roteiro de minha autoria do início até o final. “Caminhos encobertos” foi também um processo de criação coletiva, como descrevo melhor abaixo, mas representa o marco de abertura desta possibilidade na minha trajetória profissional: de cuidar e criar o processo de um documentário do início ao fim.

O processo de escrita do roteiro se deu ao longo de muitos meses no ano de 2018, em diálogo com os Gurani Mbya da Terra Indígena Jaraguá. As filmagens ocorreram entre dezembro de 2018 e janeiro de 2019. E ao longo do mesmo ano, iniciamos um trabalho de montagem, finalização e tradução realizado em conjunto com os Guarani Mbya da Terra Indígena de Jaraguá.

Foi na memória indígena de São Paulo que é, desde a fundação da cidade, sistematicamente apagada, que encontramos o fio da meada da narrativa do nosso documentário. Embora esta memória esteja presente nos nomes de ruas, avenidas, bairros e monumentos da metrópole com os quais os paulistanos se confrontam todos os dias, desde a Vila de Piratininga, isso não remete para a população, de forma geral, a uma história ou lógica que lhes seja familiar. Além disso, há uma falsa impressão de que não existem povos indígenas morando na maior cidade brasileira, o que é um sintoma da negação do direito à memória deste grupo. “Caminhos encobertos”, então, propõe retomar este apagamento, evidenciando que velar certos elementos da memória do território que hoje é esta cidade é também apagar histórias pessoais e familiares, além de expor outros sentidos existentes dentro da cidade e, dessa maneira, constituir outra versão da história para além da “oficial”.

Ao levar este debate sobre memória e apagamento para o Thiago e o Victor, os dois protagonistas do nosso documentário, eles desenvolveram a história original a partir da história oral recente por eles apreendida das lideranças Guarani com quem cresceram e se formaram. Foi um pouco desta toada, desta outra maneira de pensar e narrar uma pluralidade da História, que nasceram as sequências e a construção de ritmo que resultou no nosso roteiro e, por fim, no nosso filme. Trata-se de um trabalho conjunto, um encontro possível entre as perguntas de duas mulheres juruá (brancas), das respostas de dois Guarani Mbya, e mais importante: das perguntas que juntos nos permitiram abrir ao espectador através do filme.

REFERÊNCIAS

REFERÊNCIAS

Assista Serras da Desordem, de Andrea Tonacci

Justificativa:
Se por um lado é até constrangedor referenciar uma das maiores obras cinematográficas da nossa história, por outro Serras da Desordem é incontornável. As questões que o filme abre para o espectador e entre o realizador e o protagonista estremecem nossas concepções de história, narração, memória, sujeito… abrem caminho para o desmoronamentos dos olhares coloniais que mencionamos antes. A trilha aberta por Serras da Desordem é a mesma que, numa escala muito mais modesta e delicada, nós buscamos seguir como realizadoras.

Ouça Estórias da floresta - de Milton Nascimento, do disco Txai.

Justificativa:
É uma música que conhecíamos desde a infância. Ouvíamos o tempo todo escrevendo o roteiro, percebendo as diferenças abissais entre a vida na floresta e as "brincadeiras de curumim" imaginadas pelo Milton e o que víamos e vivíamos no Jaraguá... revisitar essa canção aqui no caderno é uma forma de simbolizar o desmoronamento de certas referências e ideais. Ainda assim, a cena inicial do curta ao amanhecer nos remete ao amanhecer e ao ritmo desta canção.

***

Ouça Civilização & Bararye, álbum de Ramiro Musotto

Justificativa:
Mais um álbum que ouvíamos no período de pesquisa e escrita do roteiro :)

OBRA CONVIDADA

OBRA CONVIDADA

Para'í
De Vinicius Toro (2020, 81min, SP)
CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA - Livre

Sinopse: Para’í conta a história de Pará, menina guarani que encontra por acaso um milho guarani tradicional que nunca havia visto e, encantada com a beleza de suas sementes coloridas, busca cultivá-lo. A partir dessa busca ela começa a questionar seu lugar no mundo, quem ela é, por que fala português e não guarani, por que é diferente dos colegas da escola, por que seu pai vai à igreja Cristã, por que moram numa aldeia tão perto da cidade, por que seu povo luta por terra.
JUSTIFICATIVA

Para'í é um longa produzido por um equipe por pessoas brancas e por Guarani Mbya, filmado na Terra Indígena Jaraguá, na cidade de São Paulo. Um filme que guarda muitas similaridades em sua concepção com o nosso curta. Uma ficção desenvolvida por pessoas que tinham um histórico de militância e atuação junto da TI Jaraguá. No nosso caso, embora já tivéssemos contato com os Guarani Mbya do Jaraguá, a construção dessa relação se deu a partir do filme, e não o contrário. A idéia é que a escolha faça pensar nestas possibilidades de parceria criativa entre realizadores brancos e realizadores indígenas; nas possibilidades de extrapolação e desmoronamento de olhares coloniais, que são pontos de partida fundamentais de ambos os filmes. Para além disso, achamos fundamental escolher um filme que também esteja comprometido com o território do Jaraguá e com a luta dos Guarani Mbya, para que tanto a luta como a vida nesse território sejam amplificadas e sempre mais reconhecidas.