Davi Pretto

Não recomendado para menores de 12 Anos
Violência

Davi Pretto

Deserto Estrangeiro
2020, 23min, RS
Não recomendado para menores de 12 Anos
Violência

Davi Pretto

Deserto Estrangeiro
2020, 23min, RS
Não recomendado para menores de 12 Anos
Violência
Deserto Estrangeiro
Deserto Estrangeiro
Um jovem brasileiro que recém começou a trabalhar em uma imensa floresta em Berlim é arrastado para um pesadelo envolvendo o passado colonial alemão quando tenta encontrar uma garota perdida na mata.

*  Legenda PTBR

Empresa Produtora: Vulcana Cinema
Direção: Davi Pretto
Produção: Paola Wink
Produção Executiva: Paola Wink
Direção de Fotografia: Luciana Baseggio
Direção de Arte: Bea Rodrigues
Som: Tiago Bello
Montagem: Davi Pretto e Paola Wink
Elenco: Mauro Soares, Isabél Zuaa, Raquel Villar, Paul Riemann, Sandra Bello, Thiago Rosa e Lionel Dzidzi.

48º Festival de Cinema de Gramado - Prêmios de Melhor Atriz, Melhor Ator e Melhor Direção de Fotografia da Mostra Gaúcha

Diálogo de Cinema 2020 - Prêmio Zinematógrafo da mostra Cercanias

23ª Mostra de Cinema de Tiradentes

31º Festival Int de Curtas-metragens de São Paulo

Festival Int de Curtas-metragens do Rio de Janeiro

22º Festival Kinoarte de Cinema;

Empresa Produtora: Vulcana Cinema
Direção: Davi Pretto
Produção: Paola Wink
Produção Executiva: Paola Wink
Direção de Fotografia: Luciana Baseggio
Direção de Arte: Bea Rodrigues
Som: Tiago Bello
Montagem: Davi Pretto e Paola Wink
Elenco: Mauro Soares, Isabél Zuaa, Raquel Villar, Paul Riemann, Sandra Bello, Thiago Rosa e Lionel Dzidzi.
Roteiro: Davi Pretto e Igor Verde
Trilha Sonora Original: Paulo Beto
Direção de Produção: Letícia da Rosa
Figurino: Bruna Lobo
Maquiagem: Samantha Pottmeier e Jean Batirolla
Assistência de Direção: Pedro Martin
Assistência de Câmera: Rodrigo Levy
Gaffer: Flávio Amieiro
Som direto: Savvas Kontou e Leonardo Nerini
Assistência de Produção: Willy Kristen
Correção de Cor: Lígia Tiemi Sumi
Efeitos de Imagem: Ricardo Mendes
Coordenação de Som: Rita Zart
Edição de efeitos sonoros: Marcos Lopes
Edição de sons ambientes: Cristiano Scherer
Foley: Ivan Lemos e Hiozer da Silva

BIOGRAFIA DE ARTISTA

BIOGRAFIA DE ARTISTA

Crédito da foto:Jeonju Film Festival

Davi Pretto (Porto Alegre, 1988) se graduou em Cinema na PUCRS em 2008. Seu primeiro longa-metragem ‘Castanha’ estreou no 64o Festival de Berlim na mostra Forum em 2014 e venceu o prêmio de Melhor Filme da mostra Novos Rumos do Festival do Rio. Seu segundo longa-metragem ‘Rifle’ foi exibido no 67o Festival de Berlim na mostra Forum e venceu três prêmios no 49o Festival de Brasília, entre eles, Melhor Filme pelo Júri da Crítica. Em 2018, Davi foi selecionado para a residência DAAD Berlin Artists-in-Residence. No mesmo ano, uma retrospectiva do seu trabalho foi apresentada na Arsenal Film Institut em Berlim. Davi dirigiu dez curtas-metragens, entre eles, ‘Deserto Estrangeiro’.

FILMOGRAFIA

Música Livre - (2007, 7min)
Dor de cabeça - (2008, 10min)
Sem - (2008, 2min)
Quarto de Espera - (2009, 12min)
Metrô - (2010, 10min)
De Passagem - (2012, 11min)
Bagagem - (2013, 16min)
Castanha - (2014, 95min)
Como se Vive, Como se Torce - (2015, 13min)
Metade Homem, Metade Fantasma - (2016, 30min)
Rifle - (2016, 88min)

TRAILER
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7 PERGUNTAS SOBRE "DESERTO ESTRANGEIRO", CURTA-METRAGEM DE DAVI PRETTO

 

Antes do deserto

Era 2017, eu estava escrevendo dois roteiros de longa-metragem com Igor Verde, roteirista carioca que se tornou um grande colaborador em vários projetos de lá para cá. Os filmes que estávamos desenvolvendo juntos, e que ainda não foram filmados, compartilhavam alguns temas em comum como violência, herança, racialidade e território. ‘Deserto Estrangeiro’ surgiu um ano depois como um desdobramento inesperado desses roteiros. Era 2018, eu estava morando na Alemanha por causa da residência do DAAD Berlim, junto de Paola Wink, com quem compartilho minha vida e o cinema. Naquele período, aproveitei também para testar como aqueles roteiros ecoavam naquele país, quais discussões acontenciam no cotidiano, nos jornais, no meio cultural e entre amigos cineastas. Acabei escutando que aqueles temas que trabalhávamos não encontrariam muito eco na Alemanha. Que aquilo seria algo muito e talvez apenas brasileiro. Ou ainda que o mercado cinematográfico alemão não se interessaria por filmes como esses vindos da América Latina. Havia um certo distanciamento desracializado em ambientes quase sempre habitados só por brancos. Mas ao percorrer as ruas eu via outra coisa: uma cidade que compartilhava com o Brasil uma segregação racial muito marcante e violenta. Comecei então a pesquisar sobre o passado alemão e cheguei ao período colonial, parte da história que parecia estar sendo omitida ali. Numa cidade que expõe abertamente e reflete sobre o holocausto, não havia nenhuma menção sobre as atrocidades do império alemão no continente africano quarenta anos antes do nazismo. Quando eu falava sobre o tema com amigos alemães, percebi que quase ninguém sabia sobre esse período. Por outro lado, descobri grupos muito atuantes no tema como Berlin Postkolonial e ativistas descendentes de hereros e namas como Israel Kaunatjike e Talita Uinuses, duas pessoas com quem tive oportunidade de encontrar e que foram importantes influências para o filme. Pouco depois, Igor veio nos visitar e por vários dias conversamos sobre tudo isso, sobre os roteiros que trabalhávamos e sobre as diferentes experienciais raciais que Berlim trazia para nós (eu branco e ele negro) e como a história colonial (uma história multicontinental) habitava ali nos dias de hoje. Então, eis que o DAAD me ofereceu um apoio para rodar um pequeno filme na cidade com prazo de um pouco mais de 1 mês para filmá-lo antes do fim da residência. “Deserto Estrangeiro” surgiu assim, como uma espécie de carta de despedida para a cidade, de como pensávamos, víamos e sentíamos aquele lugar. Minha proposta era testar alguns dos elementos e temas dos longas que escrevíamos, mas numa escala super reduzida no curta, por causa do micro orçamento e do pouco tempo que tínhamos: uma locação e na maior parte do tempo apenas dois atores em cena. A única locação seria uma imensa floresta com lindos lagos chamada Grunewald com mais de 22km2, um dos nossos lugares favoritos na cidade que frequentávamos bastante e que ficava há alguns minutos de onde morávamos. O próprio gesto de filmar aquela floresta era um pouco a essência dessa carta de despedida. Registrar um lugar que guardávamos lindas memórias daquele 2018, mas perceber, investigar e esboçar através da ficção o que aquele lugar escondia em seus detalhes, em como América Latina e África ecoavam ali e como o passado que compartilhamos atravessava aquele espaço.

Travessias e três dias para chegar ao deserto

Este pequeno filme feito às pressas teve uma energia de travessia. Quase todas as pessoas da equipe e do elenco haviam feito alguma jornada até aquele país. Mauro Soares e Isabel Zuaa vieram de Portugal para os dias de filmagem, enquanto a diretora de fotografia Luciana Baseggio veio da Estônia especialmente para o filme. Além de Paola e eu, o elenco e a equipe foi quase toda composta de estrangeiros, a grande maioria brasileiros, que moravam em Berlim há algum tempo. Foram três dias de um inesperado frio no outono ensolarado, onde estávamos a construir uma história de travessias, do presente ao passado, de um continente a outro, de uma personagem a outra, enquanto atravessávamos vários quilômetros da floresta até um deserto que sonhamos e fizemos existir ali mesmo.

REFERÊNCIAS

REFERÊNCIAS

Um diálogo público entre bell hooks e Cornel West - The New School

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Entrevista de Jean-Luc Godard por Lionel Baier da ECAL - École cantonale d'art de Lausanne

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República (2020) de Grace Passô
Programa Convida - do Instituto Moreira Salles

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Trechos de Rehearsals for Retirement (2007) de Phil Solomon

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Vent d’Ouest (2018), atribuido à Jean-Luc Godard

OBRA CONVIDADA

OBRA CONVIDADA

bell hooks and Arthur Jafa Discuss Transgression in Public Spaces at The New School
De bell hooks e Arthur Jafa (2014, 83min, EUA)
Clasificação indicativa - Livre para todos os públicos

Sinopse: bell hooks e Arthur Jafa conversam sobre imagem, olhar, obsessões, cinema, raça, gênero, política, tempo e outros desdobramentos a partir da transgressão.
JUSTIFICATIVA

Desde 2017, quando comecei a escrever com Igor Verde, meu processo criativo se tensionou em uma ideia de arena e embate, criticidade sobre o próprio processo criativo (coletivo e individual), os filmes que fiz, os filmes que estávamos escrevendo, convenções e transgressões narrativas, limites e possibilidades, autoralidade e a ausência dela. Isso é fruto de provocações do Igor para mim e minha para ele, e de obras que nos influenciaram individualmente e coletivamente nesse período. Como isso tudo se reflete em filmes e roteiros que criamos é outro assunto, mas deixo aqui este pequeno exemplo da conversa de bell hooks e Arthur Jafa, com um extrato do fenomenal “Apex” de Jafa. E daqui, partir para a obra literária da hooks (e outros debates como com Cornel West) e a imageria do Jafa. É um exemplo do que a internet me trouxe de relevante como a fala do Godard para ECAL, “República” de Grace Passô, “Rehearsals for retirement” de Phil Solomon ou ainda “Vent d’ouest”, mas também além do mundo virtual como livros da Ursula K Le Guin, Wu Ming e Ana Maria Gonçalves.