Leonardo Mouramateus

Não recomendado para menores de 12 Anos
Violência; Conteúdo Sexual; Nudez; Drogas Lícitas

Leonardo Mouramateus

A chuva acalanta a dor
2020 - CE e Portugal - 29min
Não recomendado para menores de 12 Anos
Violência; Conteúdo Sexual; Nudez; Drogas Lícitas

Leonardo Mouramateus

A chuva acalanta a dor
2020 - CE e Portugal - 29min
Não recomendado para menores de 12 Anos
Violência; Conteúdo Sexual; Nudez; Drogas Lícitas
A chuva acalanta a dor
A chuva acalanta a dor
No ano 74 a.C, Tito Lucrécio Caro, um jovem com ideias ousadas, tenta convencer seu amigo Mêmio que ir estudar para a cidade de Roma é uma total perda de tempo. Anos depois, Lucrécio volta da capital. Tentando encontrar um equilíbrio entre suas explicações do mundo natural e sua experiência emocional do mesmo, Lucrécio vive uma paixão profunda e conturbada com Isa, sua esposa estrangeira.

 * Legendas EN

Empresa Produtora: AREOSA
Direção: Leonardo Mouramateus
Direção de Produção: Raquel Rolim Batista
Coordenação de Produção: Maura Carneiro
Produção Executiva: Maura Carneiro, Diogo Baldaia, Manuel Rocha Da Silva e Leonardo Mouramateus
Direção de Fotografia: Manel Pinho Braga
Assistência de Direção: Helena Estrela
Direção de Arte: Laura Gama Martins e Taís Augusto

IFFR 2020 (Rotterdam)
Viennale 2020 (Áustria)
Indielisboa 2020 (Portugal)
Curtocircuíto – International Film Festival (Espanha)
Montreal Festival du Nouveau Cinema (Canadá)
Athens Avant-Garde Film Festival (Grécia)
Cámara Lúcida Festival de Cine (Equador)

BIOGRAFIA DE ARTISTA

BIOGRAFIA DE ARTISTA

Foto: Aline Belfort

Leonardo Mouramateus [Fortaleza, 1991] é diretor e roteirista. Mestre em Arte Multimédia pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, Mouramateus graduou-se em Cinema e Audiovisual pela Universidade Federal do Ceará mantendo desde aí contato permanente com as artes performativas e a dramaturgia em dança. Seus filmes, que incluem mais de 10 curtas e uma longa-metragem [António Um Dois Três] foram exibidos e premiados em numerosos festivais.

FILMOGRAFIA

Fui à Guerra e não te Chamei - (2010, 20min)
Europa - (2011, 20min)
Charizard - (2012, 15min)
Mauro em Caiena / Mauro in Cayenne - (2012, 19min)
Lição de Esqui / Ski Lessons - (2013, 23min)
A Era de Ouro / The Golden Era - (2014, 20min)
O Completo Estranho / Two in the Shadow - (2014, 25min)
A Festa e os Cães / The Party and the Barking - (2015, 25min)
História de uma Pena / Story of a Feather - (2015, 30min)
Vando Vulgo Vedita / Vando aka Vedita - (2017, 20min)
António Um Dois Três / António One Two Three - (2017, 96min)

TRAILER
SITE

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LUCRÉCIO, Tito. Da Natureza das Coisas. Tradução de CERQUEIRA, Luís Manuel Gaspar. Lisboa: Relógio D’Água, 2015.

Ó infelizes mentes dos homens, ó corações cegos!
Em que tenebrosa existência e em quantos perigos se passa
esta breve vida! Então não vêem que a natureza
nada reclama para si, com impetuosos gritos,
senão que a dor fique afastada do corpo e que se usufrua
de uma mente livre de cuidados e do medo, com um sentimento de prazer?
Portanto, vemos que poucas coisas são absolutamente necessárias
à natureza do corpo: todas as que eliminam a dor
e também as que possam proporcionar muitos deleites.

 

“Da natureza das coisas” (De rerum natura) é um poema escrito no século I a.C. Nos seis livros que compõem o poema Tito Lucrécio Caro articula uma miscelânea de ideias, muitas das quais antecipam teorias modernas, como a materialidade da luz, ou a existência de universos paralelos. Lucrécio, influenciado por Demócrito e Epicuro, explica de maneira didática, que tudo que existe é feito de partículas minúsculas. E que tais substâncias, os átomos, são eternos. Tenta assim retirar do homem o medo dos deuses (não sendo esses os responsáveis pela criação de tudo), e da morte (já que tanto a alma quanto o corpo, após a morte, retornam para a terra de onde vieram).

O escritor francês Marcel Schwob, inspirado pelo poema, e pela lenda de que esse foi escrito entre acessos de loucura, compôs uma biografia em forma de conto, em grande parte imaginária, em que descreve a vida do jovem poeta romano. Ao invés de mitificar a figura de Lucrécio, Schwob se concentra nos estados emocionais de um rapaz, aos vinte e aos trinta anos de idade, enquanto se depara pela primeira vez com o amor. Ao mesmo tempo que empresta luz a momentos obscuros da biografia de um poeta clássico, Marcel Schwob mergulha no universo ficcional liberto da precisão histórica, e dá a ver angústias próprias da sua época. Acaba por revelar Lucrécio como nosso contemporâneo, seja no século XIX, quando o conto foi escrito, seja agora, no século XXI, quando o lemos.

Meu contato com o conto de Marcel Schwob surgiu de maneira impactante. As palavras que ali estão escritas, dotadas de uma urgência real em relação à mortalidade e à beleza do mundo, me convocaram a transcriar tais pensamentos em imagens. O Lucrécio de Marcel Schwob é um rapaz comum, invadido pelos medos reais de um ser humano que percebe, pela primeira vez, que aquilo que ama há de perecer um dia, e acossado por tal sugestão, decide enlouquecer e abraçar o amor e a morte. Lucrécio é um ser humano curioso, confiante numa apreensão estética do mundo, mas transtornado pela experiência de finitude. Mais do que documentais, a imagem misteriosa de um Lucrécio que bebe um feitiço e enlouquece, surge como metáfora de um ser humano no impasse entre dois tipos de existência: como um ser pensante, amedrontado mas alheio àquilo que o cerca, ou como ser vivo, pleno, parte integrante do todo. Parafraseando Kafka, no confronto entre ele mesmo e o mundo, Lucrécio escolhe o mundo.


 

TRADUÇÃO DO CONTO DE MARCEL SCHWOB POR LEONARDO M. ALVES

Me deparei com o conto de Marcel Schwob numa noite de abril de 2018. Ainda sinto a pancada desse encontro.

Nunca quis adaptar história alguma para filme nenhum. Se mudei de idéia foi porque desejei que mais pessoas ouvissem aquilo que a mim foi contado.

 

REFERÊNCIAS

REFERÊNCIAS

Crédito: https://www.dobrasvisuais.com.br/2010/10/para-ver-maldicidade/

“Existe sempre um conceito por trás do que faço só que nem sempre a montagem se completa. Os conceitos se escondem no subconsciente. Zigzagues que atordoam. Quando o xadrez funciona o conceito é formado por encaixes eliminando a importância exagerada que poderia ser dada a certos fatos mais formais. Não são acasos felizes pois, desde o começo de um projeto, uma idéia já existe apenas ela é flexível e se deixa impregnar pela existência das pessoas fotografadas. O interessante é fazer a matéria externa vibrar em toda sua força de maneira que seja espelho de minhas intenções. Sem deixar de ser espelho da vida. CORAÇÃO ESPELHO DA CARNE”

 

Crédito: Miguel Rio-Branco: Notes on the Tides Groninger Museum, Editora Sol, 2006

VEJA AQUI

http://www.miguelriobranco.com.br

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 POEMA “BERLIN” DE MARINA TSVETAEVA

TO BERLIN

Rain hums a lull-a-bye to pain.
To downpours like quickly descending shutters
I sleep. Horses’ hooves on the quavering
Asphalt sound like the clapping of hands.
‘Congrats’ were said – and died out.
In gold-dawned having-been-left-ness
On the most fairy-tale of orphan-hoods
You, barracks, have taken mercy!

10 July 1922

 

Crédito: Sapphires Under Cotton, 2013. Lynette Yiadom-Boakye. Collection SFMOMA.
Foto de Thomas Hawk: https://www.flickr.com/photos/thomashawk/29615450978/ 


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ARTIGO “A Portraitist Whose Subjects Are All in Her Head” - THE NEW YORK TIMES 

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“Criar é um ato contínuo de rememorar. Desde o início, desde o princípio, desde sempre, é o acaso, o acidente, que traz de volta aquele altíssimo momento em que uma invasão de eternidade, de vazio, de música, de interdito, nos domina e nos absorve completamente. Sensações temporais e espaciais colocam à vista uma realidade oculta para além do mundo visível.

A imaginação, a fantasia... mesmo o sonho é um respirar.”

BRESSANE, Julio. Coleção Pequena Biblioteca de ensaios, p.46. Rio de Janeiro: Zazie Edições, 2018

Leia o livro na íntegra

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ASSISTA E OUÇA O VÍDEOCLIPE DA MÚSICA “LICKING AND ORCHID”, DE YVES TUMOR (ft. James K), com direção de Daniel Sannwald.

 

“Buenas noches córnea buenas noches
uñas negras buenas noches muñecas
buenas noches cuello mordido buenas
noches ano buenas noches nariz roja
de frío buenas noches estómago peludo
buenas noches líneas de la mano
buenas noches rodillas buenas noches
mandalas ocultos buenas noches verga
buenas noches hombros huesudos buenas
noches ombligo perfecto buenas noches
dientes buenas noches lóbulos
buenas noches fuego oblicuo de la
cintura buenas noches nu(n)ca.”

Crédito: La Universidad Desconocida, Roberto Bolaño, pág. 143; Editorial Anagrama, Barcelona, 2007.

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Crédito: Foto de Terre Thaemlitz
https://commons.m.wikimedia.org/wiki/File:Terre_Thaemlitz.jpg

 

Crédito: Música: Name have been changed (Sprinkles’ House Arrest)”. Artista: Terre Thaemlitz / Dj Sprinkles. Álbum: Deproduction EP 1

https://clone.nl/item50864.html

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“El 19 de agosto de 1942, Brecht pega en su cuaderno una imagen de campesinos ucranianos obligados a ser esclavos por el ocupante nazi; pero al lado escribe: ‘alrededor de la 1, como en la oficina los sándwiches que me he llevado y un trago de vino blanco californiano. hace calor, pero tenemos ventiladores.’ Justo antes -dos días antes-escribió esto: ‘la casa es muy linda. neste jardín puedo volver a leer a Lucrecio.’”

DIDI-HUBERMAN, Georges. Cuando las imágenes tomam posición, p.88. Traducción de Inés Bértolo. Madrid: A. Machado Libros, 2008

OBRA CONVIDADA

OBRA CONVIDADA

BELA MANDIL
De Helena Estrela (2018, 18min, Portugal)
Não recomendado para menores de 12 anos - Contém conteúdo sexual.

SINOPSE: Por caminhos salgados, de mãos dadas, dois amantes vagueiam. Quem os vê diz ter medo dos ecos do passado. Cresce uma atmosfera fervente de verão. Uma música vinda da maré desmaia e invade a praia.
JUSTIFICATIVA

Helena Estrela filma fantasmas a fazer amor.