Welket Bungué

Welket Bungué
2020, 20min, Portugal – Guiné Bissau

Welket Bungué
2020, 20min, Portugal – Guiné Bissau

TREINO PERIFÉRICO
TREINO PERIFÉRICO
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Dois artistas saem para treinar, não cabem nos padrões do seu bairro, da sua cidade, nem da sua cultura impostora. "Acredito que a vossa descrição tão sensível me remete à capacidade que temos, de nos desenvolvermos para nos mantermos vivos nesse território que nos foi “devolvido” pelos colonizadores...", palavras do personagem Raça (Bruno Huca) ditas a Coragem (Isabél Zuaa). Este é um filme feito na periferia da "grande Lisboa" e discursa poética e assertivamente sobre ocupação territorial, pós-colonialismo e desigualdade social ainda vigente na cultura portuguesa. |
Performers: Isabél Zuaa e Bruno Huca
Texto Original: Lucila Clemente
Argumento e Realização: Welket Bungué
Assistente de Realização: Pedro Cabral
Direção de Fotografia: Carlos Nogueira de Melo
Direção de Som: Vicente Molder
Edição e Finalização: Welket Bungué
Desenho de Som: Welket Bungué
Designer Ilustrador: Vinicius Theodoro
Música: "Courage" BARTOLOMEU (Original Mix) "Glossolália" Alexandre Francisco Diaphra feat Xamãs da Brandoa EVMS (Akashic Records 2020) LP
Finalização Áudio: Rui Bentes
Tradução: Welket Bungué
Direção de Produção: Pedro Cabral
Assistente de Produção: Guto Martins e Teresa Pinto
Produtor: Welket Bungué e Welsau Bungué
Locais de Filmagem: Alta de Lisboa, Bairro Angola (Camarate)
Agradecimentos Especiais: Kristin Bethge, Saiming Punhos de Ferro, Wilis Indequi Sra. Fátima Alatrache, Hangar e Kelson Costa
11th KUGOMA Film Forum Mozambique – Official Selection (Moçambique)
13th Zózimo Bulbul Black Film Festival – (Brazil, Africa, Caribbean and Other Diásporas)
IV Mostra itinerante de Cinemas Negros – Mahomed Bamba
Mostra de Cinemas Africanos 2021 – Memória: Performatividades Entre-Tempos
BIOGRAFIA DE ARTISTA
BIOGRAFIA DE ARTISTA
COMENTÁRIOS DO DIRETOR
'Treino Periférico' é um discurso de levante anti-colonialista. O filme corre assente nos pés de
Coragem (Isabél Zuaa) e de Raça (Bruno Huca), que se assumem como artistas periféricos para justamente tentar propor uma reflexão sobre os nossos modos de ser, ao transitar por esses territórios de “verdades obsoletas e existências resolutas.” Numa atitude de reflexão aplicada aos problemas de integração social e ao mesmo tempo, revelando fragmentos daquela que é a funcionalidade dos bairros de habitação comunitária-social nas áreas limítrofes das grandes capitais. Em 'Treino Periférico' há uma sugestionável concepção de zonas periféricas como sendo zonas “ante-centro” da cidade (inspirando-me na etimologia da palavra alemã vorstadt), já que é dali que saem as pessoas que impulsionam as estruturas empresariais, as estruturas de serviço e as instituições estatais, que se encontram na sua maioria, bem no centro da cidade. O filme desmantela anti-filmicamente os rebordos urbanístico-funcionais de um bairro incompleto e rudimentar a partir do Bairro Angola, em Camarate. Os corpos periféricos em trânsito entendem que a sua condição não se cinge à esfera comportamental. “Aqui fala-se da normalização de um Sistema que reproduz desigualdade. Os nossos corpos foram colonizados para aceitar e interiorizar esse modo de vida. E quando digo corpos, refiro-me a um todo orgânico que existe, e se alimenta de treinamento diário de emoções, de tecidos musculares, da mente e de tudo o resto. E é nessa plenitude vital que eu e vocês, podemos existir.” A partir de um texto integralmente escrito por Lucila Clemente, - como comentário pessoal acerca da ocupação de territórios físicos e estruturalmente destinados aos privilegiados pelas “benesses do racismo” de origem histórica e de implementação institucional, – e posteriormente adaptado para argumento de filme por Welket Bungué, dirigindo-o aos performers Zuaa e Huca, eis um filme para descentralizar.