Seminário “Pensar a Imagem” coloca a figura do espectador no centro do debate

Saiba mais sobre as mesas programadas de 12 a 15 de abril

Na primeira edição online do Cine Esquema Novo, o espaço para reflexão em profundidade está garantido pelo Seminário Pensar a Imagem. O público poderá participar de quatro mesas realizadas de 12 e 15 de abril, das 19h às 21h. A transmissão é gratuita, com intérprete de LIBRAS, pelo canal do festival no YouTube.

Realizado em 2019 no Goethe Institut Porto Alegre, o primeiro seminário Pensar a Imagem teve como tema Estética e Política. A edição deste ano ganhou o título Repertórios e Afetos: Espectatorialidades e Olhares Opositores. A proposta é discutir as formas como espectadoras e espectadores se relacionam com as imagens, especialmente no caso de sujeitos que não pertencem a grupos hegemônicos.

A concepção e organização do seminário coube à professora e pesquisadora Gabriela Almeida, que sublinha o interesse crescente, no Brasil, em discutir não apenas o acesso aos meios de realização das obras audiovisuais, como também o consumo dessas obras por mulheres, pessoas negras, LGBTQIA+ e pobres.

“Essas reações são ambíguas, as relações com as imagens são de troca e apropriação. Elas acontecem às vezes pela chave do confronto, outras da conciliação, do encantamento ou de um certo fascínio. E aí existem duas perguntas bem importantes, uma inspirada no teórico da arte francês Georges Didi-Hubermann e outra na pesquisadora brasileira Kênia Freitas: primeiro, ‘Como estar diante das imagens?’ e segundo, repetindo uma pergunta de Kênia que me marcou bastante: ‘que imagens eu não quero ver mais?’ Tem uma forma de pensar a imagem como prática reparativa que eu acho muito promissora”, explica Gabriela, que é pesquisadora de cinema, com doutorado em Comunicação e Informação pela UFRGS, e professora titular do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Práticas de Consumo da ESPM (PPGCOM).

Gabriela Almeida, crédito Pâmela Gomes
Gabriela Almeida. Crédito da foto: Pâmela Gomes

O tema está em sintonia com a programação do festival neste ano, que abrange temáticas como direitos humanos, questões indígenas, memória, história, racismo e identidade queer. O próprio perfil dos realizadores está mais diverso nesta 14ª edição: há oito realizadoras, além de projetos assinados por grupos, artistas agênero e não-bináries.

Gabriela fará a mediação das quatro mesas, que terão entre dois e três debatedores cada e reunirão pessoas de três regiões brasileiras. A primeira, “Imagens e práticas antirracistas”, na segunda-feira (12/4), contará com as presenças da roteirista, produtora e realizadora de audiovisual Mariani Ferreira (RS) e da jornalista e pesquisadora Rosane Borges (SP), um dos mais atuantes nomes do feminismo negro brasileiro e especialista nas relações entre imagem, olhar e racialidade.

Na terça-feira (13/4), a curadora de cinema Rayanne Layssa (PE) e o curador de artes visuais Igor Simões (RS) falam sobre “Olhares opositores na curadoria”, título que toma emprestado o conceito de “olhar opositor” da autora Bell Hooks, também referenciado no nome do seminário. Rayanne promete compartilhar sua experiência em festivais e mostras de cinema negro, enquanto Igor pretende debater a noção de lugar de fala na prática curatorial a partir de produções recentes.

A mesa “Política e fabulação”, que será realizada na quarta-feira (14/04), terá a participação da pesquisadora Kênia Freitas (ES) e do professor Vinicios Ribeiro (RJ). O encontro coloca em debate as estratégias fabulares do cinema negro contemporâneo, interrogando se essas estratégias conseguem superar as ideias de representação e de representatividade. Também evoca a noção de reparação como forma de restituir um prejuízo ou reconhecer um dano causado, pensando a esperança como forma de organizar fragmentos e traumas.

A programação termina com a mesa “Espectatorialidades e apropriações queer das imagens”, com o professor e pesquisador Fábio Ramalho (PE) e a dupla de roteiristas e realizadores Márcio Reolon e Felipe Matzembacher (RS). A discussão se dará em torno da apropriação de repertórios audiovisuais. “No que diz respeito a sujeitos LGBTQIA+ e queer, os desvios e a inadequação parecem ser elementos centrais para as nossas experiências com cinema e a cultura midiática de modo geral”, pontua Fábio.

O 14º Cine Esquema Novo – Arte Audiovisual Brasileira é uma realização da ACENDI – Associação Cine Esquema Novo de Desenvolvimento da Imagem. Projeto realizado com recursos da Lei nº 14.017/2020.

 

PROGRAMAÇÃO

 

Segunda-feira (12/4), às 19h

Imagens e práticas antirracistas, com Rosane Borges e Mariani Ferreira

 

Terça (13/4), às 19h

Olhares opositores na curadoria, com Rayanne Layssa e Igor Simões

 

Quarta (14/4), às 19h

Política e fabulação, com Kênia Freitas e Vinicios Ribeiro

 

Quinta (15/4), às 19h

Espectatorialidades e apropriações queer das imagens, com Fabio Ramalho, Márcio Reolon e Felipe Matzembacher

 

Acesse mais informações sobre o Seminário "Pensar a Imagem"

*Texto por Luiza Piffero

*Montagem fotográfica com fotos de divulgação dos convidados. Da esquerda para a direita: 
Vinicios Ribeiro, Mariani Ferreira, Fábio Ramalho, Igor Simões,
Kênia Freitas, Márcio Reolon, Rayanne Layssa, Rosane Borges e Filipe Matzembacher

*Fotografia de Gabriela Almeida por Pâmela Gomes

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