Cinema periférico, queer e outras pautas urgentes do Brasil no 14º Cine Esquema Novo  

Programação reflete as discussões que povoam as redes sociais 

*Por Luiza Piffero

 

O 14º Cine Esquema Novo – Arte Audiovisual Brasileira apresenta filmes sobre algumas das principais questões em pauta no Brasil hoje. E o tempo para assistir a essas produções acabou de ficar maior: embora o festival termine nesta quinta-feira (15), os filmes ficarão disponíveis até domingo, dia 18 de abril. Para ajudar você a escolher o que assistir, apontamos as temáticas que mais aparecem na programação do festival.

Abaixo confira algumas discussões presentes em filmes da Mostra Competitiva Brasil, Artista Convidado e Outros Esquemas:

 

PERIFERIA EM FOCO

A periferia é cenário e tema de vários filmes do festival. Celio’s Circle mostra o impacto da pandemia de COVID-19 nesse contexto. Em Lyz Parayzo Artista do Fim do Mundo, de Fernando Santana, a protagonista questiona o elitismo do sistema de arte. Treino Periférico, de Welket Bungué, coloca dois personagens para debater sobre a vida na periferia de Lisboa. Entre Nós e o Mundo (Fábio Rodrigo) faz um retrato da vida difícil de uma mãe na periferia de São Paulo. A capital paulista também é o cenário do premiado Perifericu, de Nay Mendl, Rosa Caldeira, Stheffany Fernanda e Vita Pereira, que mostra as adversidades de ser LGBTQA+ nesse meio. E isso nos leva para o próximo assunto...

 

LUTA E REPRESENTATIVIDADE QUEER

As lutas da comunidade LGBTQIA+ aparecem sob várias lentes no CEN, como a transfobia na juventude (Eu, um outro, de Silvia Godinho) e nas prisões (Homens invisíveis, de Luis Carlos Fontes de Alencar Filho). Tem ficção científica (Antes do azul e Os Últimos Românticos do Mundo) e cinema erótico (Para Colorir e Vil, má), filme gravado na Europa (Dois Homens ao Mar) e no interior de Goiás (Vento Seco).

 

EXPONDO O RACISMO

O tema está presente por abordagens completamente diferentes no festival. O documentário Ser Feliz No Vão (Lucas Rossi dos Santos) é um manifesto pela ocupação de espaços no Rio de Janeiro, apontando o dedo para o preconceito da elite carioca. Performatividades do Segundo Plano (Frederico Benevides e Yuri Firmeza) discute o racismo em algoritmos de inteligência artificial. Enquanto O Mundo Mineral (Guerreiro do Divino Amor) critica o branqueamento da história de Minas Gerais, Deserto Estrangeiro (Davi Pretto) questiona as violências cometidas pelo império alemão na África. Por fim, Bustagate é o olhar de Welket Bungué para a violência contra a diáspora africana na Europa. 

 

É claro que os filmes destacados abrangem muitos outros assuntos. Cabe a você explorar e interpretar. Há ainda muitos outros temas presentes no Cine Esquema Novo, entre eles: isolamento social (Eu Não Sou um Robô), saúde mental (As vezes que não estou lá e Milton Freire, um grito além da história), luta indígena (Caminhos Encobertos e Nuhu Yãg Mu Yõg Hãm: Essa Terra É Nossa!), meio ambiente (Rocha Matriz), pessoas com deficiência (O que Pode um Corpo?, Seremos Ouvidas, URUBÁ) e política brasileira (#eagoraoque e Atordoado, Eu Permaneço Atento). 

 

*O 14º Cine Esquema Novo - Arte Audiovisual Brasileira é uma realização da ACENDI – Associação Cine Esquema Novo de Desenvolvimento da Imagem. Projeto realizado com recursos da Lei nº 14.017/2020.

 

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